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#Notícias#Línguas índigenas#Sociolinguística

IBGE identifica 391 etnias indígenas que falam 295 línguas no Brasil

Por Sthefany Vogado

27/10/2025

Levantamento inédito do IBGE revelou que o Brasil abriga 391 etnias indígenas, que utilizam 295 línguas diferentes em todo o território nacional. O estudo integra o Censo Demográfico de 2022 e destaca a diversidade linguística e cultural dos povos originários, indicando que a maioria vive na Amazônia Legal e mantém forte vínculo com seus territórios tradicionais.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados sobre os povos indígenas do país, reunidos a partir do Censo Demográfico de 2022. O levantamento, considerado o mais detalhado já realizado sobre o tema, identificou 391 etnias indígenas em território brasileiro, distribuídas por todos os estados, e registrou a presença de 295 línguas faladas, demonstrando a complexidade cultural e linguística dessas populações.

Segundo o estudo, o Brasil tem 1,7 milhão de pessoas que se autodeclaram indígenas, número que representa 0,83% da população total. A maior concentração está na Amazônia Legal, onde vive cerca de 60% desse total, abrangendo estados como Amazonas, Pará, Roraima e Mato Grosso. Essa região também reúne a maior diversidade linguística do país, abrigando centenas de comunidades que mantêm práticas culturais e línguas próprias.

Entre as línguas mais faladas estão o Tikuna, o Guarani e o Terena, cada uma com dezenas de milhares de falantes. No entanto, o levantamento aponta que boa parte das línguas indígenas possui poucos usuários, o que as coloca em situação de vulnerabilidade. O IBGE destaca que o registro detalhado dessas línguas é fundamental para orientar políticas públicas de valorização, documentação e revitalização linguística.

Os dados também revelam uma tendência de bilinguismo entre as populações indígenas, com parte significativa das comunidades falando tanto o português quanto a língua tradicional de seu povo. Em muitas aldeias, o português é usado em contextos formais ou de contato com o Estado, enquanto as línguas indígenas permanecem como meio de comunicação familiar e comunitária.

A pesquisa envolveu o trabalho de milhares de recenseadores treinados para coletar informações sensíveis à realidade indígena. O IBGE contou ainda com o apoio de lideranças locais e de organizações indigenistas para garantir que o levantamento respeitasse a diversidade cultural e os modos de vida de cada povo. O resultado foi um retrato mais completo e preciso da presença indígena no Brasil contemporâneo.

Os dados sobre línguas e etnias indígenas devem servir de base para políticas públicas voltadas à educação bilíngue, à valorização cultural e à proteção de territórios tradicionais. Especialistas apontam que a preservação das línguas indígenas é também uma forma de preservar conhecimentos sobre a natureza, a história e a organização social de povos que contribuíram e continuam contribuindo para a formação da identidade brasileira.

Com o novo levantamento, o Brasil reafirma sua posição como um dos países de maior diversidade linguística do planeta, e o Censo 2022 torna-se um marco na documentação e reconhecimento dessa pluralidade.

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