Por Caroline Alves
01/10/2025
Na última segunda-feira, 29 de setembro de 2025, a escritora Conceição Evaristo recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em reconhecimento às suas contribuições significativas à literatura brasileira e à cultura negra. A cerimônia ocorreu no auditório da Reitoria, no campus de Pampulha, em Belo Horizonte e foi presidida pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
Conceição Evaristo é uma das autoras mais influentes da literatura brasileira contemporânea. Nascida em Belo Horizonte, em 1946, iniciou sua trajetória literária ainda na infância, incentivada pela mãe à leitura. Nos anos 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se graduou em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e atuou como professora da rede pública. Posteriormente, obteve o título de mestre em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com a dissertação Literatura Negra: Uma Poética de Nossa Afro-brasilidade.
Sua produção abrange diversos gêneros — poesia, romance, conto, ensaio — e alcança leitores para além do Brasil, com traduções em países como Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e França. Entre os reconhecimentos recebidos, destacam-se o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais (2018), o título de Intelectual do Ano da União Brasileira de Escritores (2023) e o 61º Prêmio Jabuti, como Personalidade Literária.
Durante a cerimônia de entrega deste último prêmio, Evaristo definiu a escrita como um “exercício de coragem”, sobretudo quando nasce de experiências pessoais e da apropriação da língua portuguesa. Ressaltou ainda que sua trajetória não foi construída sozinha, evocando o personagem Luandi Vicêncio, de Ponciá Vicêncio, para afirmar que sua assinatura é também a de um povo. A reitora Sandra Goulart Almeida, da UFMG, destacou que suas obras valorizam a memória coletiva, a negritude e a identidade do povo negro, permeadas pelo legado africano e pela resistência.
Com a honraria da UFMG, Conceição Evaristo torna-se a terceira mulher — e a primeira mulher negra — a receber o título, juntando-se ao seleto grupo de 22 personalidades já homenageadas pela universidade.
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