Por Caroline Alves
28/09/2025
A escritora Ana Maria Machado será a Personalidade Literária de 2025 no Prêmio Jabuti, maior honraria concedida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). A homenagem reconhece mais de cinco décadas de atuação da autora, crítica e jornalista, cuja obra ultrapassa cem livros traduzidos em diversos idiomas e publicados em mais de 20 países, consolidando-a como uma das vozes mais importantes da literatura brasileira contemporânea.
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) anunciou que a escritora Ana Maria Machado será a Personalidade Literária de 2025 no Prêmio Jabuti. A distinção celebra a relevância da autora para a cultura brasileira e seu impacto internacional, resultado de uma carreira que soma mais de cem obras entre romances, contos, ensaios e literatura infantojuvenil.
Ana Maria Machado construiu uma trajetória que alia produção literária, atuação jornalística e presença no cenário intelectual. Seus textos foram traduzidos para diversas línguas e publicados em mais de 20 países, levando a literatura brasileira a novos públicos sem perder a identidade nacional.
Da pintura à literatura
Nascida no Rio de Janeiro, Ana Maria iniciou sua trajetória artística como pintora, com passagens pelo Museu de Arte Moderna do Rio e pelo de Nova York, participando de mostras no Brasil e no exterior. Formou-se em Letras pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ) e, paralelamente à literatura, também atuou como professora em escolas e universidades.
Durante a ditadura militar, em 1969, foi presa e acabou se exilando. Viveu na França e na Inglaterra, onde deu continuidade à carreira, lecionando e trabalhando como jornalista em veículos de projeção internacional, como a revista Elle e a BBC.
Em Paris, realizou pós-graduação sob a orientação do renomado crítico Roland Barthes, aprofundando-se na obra de João Guimarães Rosa em sua tese de doutorado. Essa vivência acadêmica, somada ao trabalho na imprensa, fortaleceu sua visão crítica e seu estilo inovador.
Retorno ao Brasil e consolidação
De volta ao país, colaborou com jornais e revistas de grande circulação, como O Globo, Jornal do Brasil, Veja e IstoÉ. Também esteve à frente de iniciativas pioneiras, como a fundação da livraria Malasartes, voltada à literatura infantil e referência para toda uma geração de leitores e escritores.
Em 2003, Ana Maria foi eleita para a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo o jurista Evandro Lins e Silva. Desde então, tem desempenhado papel de destaque na preservação e promoção da cultura literária no país.
Reconhecimento e prêmios
Ao longo de sua carreira, a autora conquistou prêmios nacionais e internacionais de grande relevância. Em 2000, recebeu o Hans Christian Andersen, considerado o “Nobel” da literatura infantil. No ano seguinte, foi laureada com o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.
Ana Maria também já venceu o Prêmio Jabuti em três ocasiões: em 1978, com História meio ao contrário; em 1997, com Esta força estranha; e em 2000, com Fiz voar meu chapéu.
A escolha da CBL em homenageá-la como Personalidade Literária de 2025 reforça seu papel como autora que soube unir tradição e inovação, contribuindo para a renovação da literatura brasileira sem perder de vista suas raízes.
A cerimônia
A entrega oficial da homenagem acontecerá em novembro de 2025, durante a cerimônia da 67ª edição do Prêmio Jabuti, em São Paulo. O evento deve reunir escritores, editores, críticos e leitores, consolidando a importância do prêmio como principal reconhecimento da literatura no país.
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