Por Machado de Assis (1875)
No fim de dous dias ainda ele não tinha escolhido; recebeu porém uma carta de Fernando concebida nestes termos:
Meu caro Júlio.
Participo-lhe que brevemente casarei com a prima Isabel; desde já o convido para a festa; se soubesse como estou contente! Venha cá para conversarmos.
Fernando.
Não é preciso dizer que Júlio foi às nuvens. O passo de Isabel simplificava muito a situação dele; todavia, não queria ser assim despedido como um tolo. Exprimiu a sua cólera por meio de alguns murros na mesa; Isabel, por isso mesmo que já não a podia possuir, parecia-lhe agora mais bonita que Luísa.
— Luísa! Pois será Luísa! exclamou ele. Essa sempre me pareceu muito mais sincera que a outra. Até chorou, creio eu, no dia da reconciliação. Saiu nessa mesma tarde para ir visitar Luísa; no dia seguinte iria pedi-la. Em casa dela foi recebido como sempre. Teixeira foi o primeiro a dar-lhe um abraço.
— Sabe, disse o primo de Luísa apontando para a moça, sabe que vai ser a minha noiva?
Não me atrevo a dizer o que se passou na alma de Júlio; basta dizer que jurou não casar, e que morreu há pouco casado e com cinco filhos.
Baixar texto completo (.txt)ASSIS, Machado de. Casa, Não Casa. Jornal das Famílias, Rio de Janeiro, 1875-1876.