Contato linguístico
O estudo dos contatos linguísticos (CL) constitui um campo fundamental da Sociolinguística, área que se distingue da Linguística estrutural e gerativista por rejeitar a ideia de que a língua possa ser estudada "em si mesma e por si mesma". Para Louis-Jean Calvet [1], alinhado à visão de Antoine Meillet, a língua é um fato social e, consequentemente, a Sociolinguística é a própria Linguística, pois as línguas não existem sem as pessoas que as falam. A variação e a mudança linguística, centrais no estudo do CL, não podem ser explicadas por mecanismos internos e abstratos, mas sim pelas transformações e conflitos sociais que moldam as comunidades de fala.
A perspectiva crítica dos estudos de contato[editar]
A Sociolinguística de Contato (SC) se desenvolveu a partir da perspectiva anteriormente chamada de "Línguas em/de Contato" (CL), enfatizando o CL como um processo dinâmico e relativo, determinado por fatores identificáveis em contextos específicos: familiar, sócio-histórico, profissional e educacional[2]. Esta área de pesquisa não considera o contato como um desvio da norma idealizada, mas como a condição básica da linguagem em comunidades plurilíngues, reconhecendo que o monolinguismo é, na verdade, uma exceção em escala global.
No âmbito brasileiro, a SC adota uma perspectiva robusta que engloba todas as formas e manifestações do bilinguismo e multilinguismo, além de fenômenos de maior escala, como a padronização de línguas nacionais, o estabelecimento de línguas oficiais, línguas pidgin, línguas crioulas, línguas francas e coinés (variedades surgidas da mistura de dialetos regionais). Essa vertente tem dedicado atenção especial às línguas minoritárias e/ou minorizadas, incluindo línguas indígenas (como o Guarani, Tikuna, Yanomami), línguas de imigração (como o Talian italiano, Hunsrückisch alemão, polonês, japonês) e as variedades de contato nas grandes fronteiras brasileiras (Brasil-Uruguai, Brasil-Argentina, Brasil-Paraguai, Brasil-Bolívia, Brasil-Colômbia), estudando processos de manutenção, revitalização e extinção linguística.
Classificação dos fenômenos de contato[editar]
Os estudos em SC tipicamente agrupam os fenômenos decorrentes do contato em quatro categorias principais, refletindo a complexidade das interações sociolinguísticas:
1. Mudança Induzida pelo Contato: Fatores que causam alterações nas estruturas fonológicas, morfossintáticas e no léxico de uma língua, como empréstimos lexicais (deletar, printar), calques estruturais (salvar um arquivo do inglês save a file) e interferências sistemáticas.
2. Manutenção e Revitalização: Fenômenos que envolvem a preservação de línguas em situação minoritária (com ou sem prestígio), muitas vezes como consequência do reconhecimento linguístico e cultural dessas variedades. Exemplos incluem o Pomerano no Espírito Santo, o Talian no Rio Grande do Sul, e diversas línguas indígenas que têm sido objeto de políticas de revitalização.
3. Apagamento (Language Shifting) e Morte de Línguas: Ocorre quando uma língua tende a desaparecer ou a se modificar drasticamente sob a pressão de uma língua dominante. No Brasil, dezenas de línguas indígenas foram extintas desde o período colonial, e outras se encontram criticamente ameaçadas, com poucos falantes idosos remanescentes.
4. Criação de Novas Línguas: Processos de reestruturação gramatical total ou parcial, levando ao surgimento de pidgins e crioulos. Historicamente, o Brasil teve variedades de contato afro-brasileiras e a Língua Geral Paulista e Amazônica, que funcionaram como línguas francas.
A análise a seguir detalha esses fenômenos, seguindo a estrutura crítica proposta por Calvet e integrando as contribuições da Sociolinguística de Contato contemporânea.
O contato em nível lexical e estrutural: empréstimos e interferências[editar]
O primeiro nível de contato linguístico se manifesta nas trocas lexicais e estruturais entre duas ou mais línguas. Calvet trata de dois conceitos intimamente ligados mas teoricamente distintos: empréstimos e interferências.
Definição e exemplos de empréstimos e interferências[editar]
Empréstimo (Borrowing) refere-se à incorporação de um elemento (geralmente lexical, mas também morfológico ou fonológico) de uma língua-fonte (L2) na língua-receptora (L1), que é então adaptado fonologicamente e morfologicamente ao sistema da L1. Os empréstimos podem ser classificados em:
- Empréstimos Lexicais Adaptados: No Português Brasileiro (PB), termos da informática e da tecnologia, como os verbos deletar (do inglês to delete), escanear (to scan), printar (to print), resetar (to reset), são exemplos de empréstimos que sofreram adaptação morfológica ao sistema verbal português (acréscimo da desinência -ar).
- Empréstimos Não Adaptados: Palavras que mantêm a forma original, como software, hardware, download, upload, feedback, off-road, sendo frequentemente adotados em campos de alto prestígio, como economia (marketing, budget), tecnologia (smartphone, tablet) e moda (fashion, look).
- Calques (Empréstimos Traduzidos): Tradução literal de estruturas da língua-fonte, como lua de mel (do inglês honeymoon), cachorro-quente (hot dog), arranha-céu (skyscraper).
- Empréstimos Semânticos: Extensão de significado de uma palavra nativa por influência estrangeira, como o uso de realizar no sentido de "perceber, dar-se conta" (influência do inglês to realize), quando tradicionalmente significava "tornar real, concretizar".
Interferência, por sua vez, é geralmente definida como o desvio ou erro na produção da L1 causado pela influência da L2, manifestando-se frequentemente no uso individual. Exemplos incluem:
- Interferência Fonológica: O sotaque estrangeiro, como a pronúncia de /r/ retroflexa por falantes de espanhol ao falar português, ou a dificuldade de falantes portugueses em produzir o som /θ/ do inglês (think).
- Interferência Morfossintática: Estruturas como "Eu tenho 20 anos" (correto em português) sendo produzido como *"Eu sou 20 anos" por influência do espanhol "Tengo 20 años"/"Soy de 20 años".
- Interferência Lexical: O uso de falsos cognatos, como um espanhol falante usando "embarazada" (grávida) ao invés de "envergonhada" em português.
Embora os linguistas estruturem essa distinção, é crucial notar que a linha entre uma interferência que se generaliza e um empréstimo que se lexicaliza pode ser fluida no contexto de um contato contínuo. Uma forma inicialmente considerada "erro" pode, através do uso massivo, tornar-se um empréstimo aceito.
A implicação da dominação cultural e econômica[editar]
O estudo sociolinguístico dos empréstimos vai além da simples catalogação lexical, servindo como um barômetro do desequilíbrio de poder entre as comunidades falantes. A entrada maciça de estrangeirismos, notadamente anglicismos no PB, é impulsionada por valores simbólicos que acompanham os produtos e a cultura tecnológica dos países hegemônicos, especialmente os Estados Unidos.
A análise sociolinguística revela que o purismo linguístico, que busca impedir a entrada de empréstimos através de leis ou prescrições normativas, geralmente falha porque a força de resistência de uma língua receptora contra o empréstimo não é gramatical, mas extralinguística: econômica, cultural e política. A prevalência do inglês no vocabulário técnico, científico e comercial não reflete uma "fragilidade" inerente ao português, mas sim o poder hegemônico global da cultura anglófona, especialmente após a Segunda Guerra Mundial e a consolidação dos Estados Unidos como potência mundial.
Exemplos históricos ilustram esse processo:
- O francês foi a principal língua de empréstimo no século XIX e início do XX, quando a França era o centro cultural europeu, legando ao português termos como abajur, ateliê, bistrô, buquê, menu, toilette.
- O italiano influenciou fortemente o vocabulário musical (ópera, soprano, maestro) e culinário (pizza, lasanha, cappuccino).
- O inglês domina atualmente campos como tecnologia, negócios, entretenimento e ciência, refletindo a hegemonia econômica e cultural anglo-americana.
Portanto, o volume e a natureza dos empréstimos em uma língua oferecem uma leitura direta da dominação cultural e econômica a que a comunidade falante está submetida, revelando relações assimétricas de poder entre nações e culturas.
A dinâmica da interação bilíngue: misturas de línguas e alternância de código[editar]
Em comunidades onde o bilinguismo ou multilinguismo é a regra, o contato se manifesta de forma dinâmica e consciente na fala cotidiana através da alternância e da mistura de códigos linguísticos.
Alternância de Código (Code-Switching) e Mistura de Código (Code-Mixing)[editar]
A Alternância de Código (Code-Switching - CS) é definida como a prática de falantes bilíngues alternarem entre duas ou mais línguas, dialetos ou registros dentro de uma única conversa ou mesmo dentro de um único enunciado. O Code-switching é comum em comunidades bilíngues e exige que o falante seja altamente proficiente em ambas as línguas envolvidas, contrariando a ideia popular de que representa "confusão" ou incompetência linguística.
Exemplos de CS em contextos brasileiros:
- Fronteira Brasil-Paraguai: "Vou ali no mercado comprar umas coisas, che, después nos encontramos."
- Imigrantes em São Paulo: "Minha mãe fez aquele risotto maravilhoso ontem, sabe?"
- Comunidades acadêmicas: "O paper que eu submeti foi aceito, agora preciso preparar a apresentação."
É fundamental distinguir o CS do empréstimo. Enquanto o empréstimo afeta o léxico da língua a longo prazo (lexicalização) e exige adaptação fonológica (deletar é pronunciado segundo regras do português), o CS ocorre em enunciados individuais e pressupõe que ambos os sistemas linguísticos do falante estejam ativos e operantes simultaneamente, mantendo as características fonológicas e morfológicas originais de cada língua.
A distinção entre CS e Code-Mixing (CM), embora debatida e não consensual na literatura, é frequentemente estabelecida em termos de limites estruturais. Alguns pesquisadores usam os termos de forma intercambiável, enquanto outros estabelecem que:
- Code-Switching (CS): Alternância que ocorre em fronteiras de cláusula ou sentença (intersentencial). Exemplo: "Vou sair agora. I'll be back in an hour."
- Code-Mixing (CM): Fusão de elementos dentro de uma única frase ou sintagma (intrasentencial). Exemplo: "Eu downloaded o arquivo ontem."
A validade estrutural dessas alternâncias é abordada por modelos teóricos como o Matrix Language Frame Model de Carol Myers-Scotton[3], que postula a existência de uma Língua Matriz (Matrix Language - ML) que fornece a estrutura morfossintática fundamental do enunciado, regulando a inserção de elementos da Língua Encaixada (Embedded Language - EL). Esse modelo explica por que certas combinações são gramaticais e aceitas pelos falantes bilíngues, enquanto outras soam estranhas ou agramaticais, garantindo assim a coesão gramatical do enunciado misto.
Funções sociais e identitárias do code-switching[editar]
O CS é uma estratégia comunicativa sofisticada, utilizada por falantes bilíngues para diversas funções pragmáticas e sociais. As funções primárias incluem:
1. Expressão de Identidade: Afirmar a dupla ou múltipla identidade cultural e linguística. Um brasileiro descendente de japoneses pode alternar entre português e japonês para marcar sua herança bicultural.
2. Acomodação do Interlocutor: Ajustar o código linguístico ao conhecimento e preferências do ouvinte, facilitando a comunicação.
3. Preenchimento de Lacunas Lexicais: Usar uma palavra da L2 quando não há equivalente exato ou conhecido na L1, ou quando o termo da L2 é mais preciso ou técnico.
4. Sinalização de Atitude, Informalidade ou Humor: Alternar códigos para criar efeitos estilísticos, ironia, humor ou intimidade. Por exemplo, alternar para o inglês pode dar um tom mais descontraído ou "moderno" em certos contextos.
5. Citação: Reproduzir as palavras de outra pessoa na língua original em que foram ditas.
6. Marcação de Tópicos: Separar temas diferentes da conversa através da alternância de línguas.
Um exemplo elucidativo é a alternância de código na região fronteiriça Brasil-Bolívia, onde o CS entre português e espanhol é uma prática legítima e enriquecedora que contribui para a identidade linguística dos alunos bilíngues, permitindo-lhes navegar fluidamente entre as duas culturas e línguas que constituem seu cotidiano[4].
Outro exemplo relevante são as comunidades de imigrantes em grandes centros urbanos brasileiros, como japoneses, coreanos, chineses, árabes e italianos em São Paulo, onde o CS é parte natural da comunicação intrafamiliar e comunitária.
A dimensão atitudinal e o conflito no code-switching[editar]
Embora o CS seja uma habilidade linguística complexa que demonstra competência bilíngue avançada, ele está sujeito a intensa avaliação social negativa. Estudos sobre a alternância entre português e espanhol no Brasil revelam que o fenômeno pode gerar conflito e insegurança linguística, especialmente em falantes cuja competência na língua dominante está sendo adquirida.
Falantes não nativos de português (L2) relatam frustração quando um interlocutor brasileiro alterna para o espanhol (a L1 do falante). Eles interpretam essa alternância como uma invalidação de sua competência em português ("Acho que meu português é ruim") ou como um sinal de que o brasileiro está apenas buscando "praticar" o espanhol, desconsiderando o esforço do aprendiz em usar a língua-alvo[5]. Isso demonstra que o preconceito linguístico se estende para além da variação dialetal interna, atingindo o desempenho bilíngue e reforçando o ideal monolíngue da norma-padrão.
Ademais, estudos de percepção indicam que falantes que utilizam o CS podem receber avaliações negativas, com rótulos como "preguiçoso", "confuso", "que não sabe falar direito nenhuma língua", ou "que está estragando a língua" aplicados por ouvintes monolíngues ou mesmo por outros bilíngues que internalizaram ideologias linguísticas puristas.
A análise do CS, portanto, deve integrar o aspecto estrutural (o que os falantes fazem e como constroem enunciados mistos gramaticalmente coerentes) com o aspecto atitudinal (como os ouvintes avaliam essas práticas), refletindo a importância dos estudos sobre atitudes e preconceitos linguísticos na Sociolinguística.
Macrofenômenos: pidgins, crioulos e línguas veiculares[editar]
O contato intenso e prolongado entre grupos linguísticos sem uma língua comum pode levar ao surgimento de novas variedades linguísticas, classificadas por Calvet como "línguas aproximativas" e estudadas no campo da crioulística.
As línguas aproximativas: os pidgins[editar]
Pidgins (ou línguas aproximativas, na terminologia de Calvet) são línguas de contato altamente simplificadas que surgem em contextos de necessidade comunicativa intergrupal, geralmente de natureza utilitária como comércio, trabalho ou navegação. Sua característica definidora é a ausência de falantes nativos; são utilizados apenas como lingua franca secundária entre grupos que não compartilham uma língua comum.
Características estruturais dos pidgins:
- Vocabulário Reduzido: Léxico limitado ao necessário para comunicação básica.
- Morfologia Simplificada: Eliminação ou redução drástica de flexões verbais, marcadores de gênero, número e caso.
- Sintaxe Básica: Estruturas sintáticas mais simples e diretas.
- Fonologia Simplificada: Redução de contrastes fonológicos complexos.
Exemplos históricos e contemporâneos:
- Pidgin English da Papua Nova Guiné (Tok Pisin): Surgiu do contato entre falantes de centenas de línguas locais e colonizadores de língua inglesa. Exemplo: "Mi laik go long haus" (I like go to house = Eu quero ir para casa).
- Pidgin Português da África Ocidental: Usado historicamente no comércio costeiro.
- Russenorsk: Pidgin surgido no comércio entre pescadores russos e noruegueses no Ártico (hoje extinto).
O surgimento dos pidgins é um exemplo de gestão in vivo (natural, espontânea) do plurilinguismo, uma criação da prática social e não de um decreto oficial ou planejamento linguístico formal.
O laboratório crioulo: crioulização e teorias da gênese[editar]
O crioulo surge quando um pidgin é adquirido como língua materna (L1) pelas crianças da comunidade, em um processo conhecido como crioulização. A crioulização envolve a expansão funcional e a reestruturação gramatical profunda da variedade, que passa de um sistema comunicativo simplificado a uma língua natural plena, com toda a complexidade morfossintática, semântica e pragmática de qualquer outra língua humana.
Características do processo de crioulização:
- Nativização: O pidgin passa a ser adquirido como L1 por crianças.
- Expansão Lexical: O vocabulário se amplia enormemente para cobrir todos os domínios da vida.
- Complexificação Gramatical: Desenvolvimento de morfologia verbal (tempo, aspecto, modo), sintaxe elaborada, marcadores de função gramatical.
- Estabilização: A variedade se torna relativamente uniforme na comunidade.
Exemplos de crioulos:
- Crioulo Haitiano (Kreyòl): Base lexical francesa, falado por toda a população do Haiti como L1.
- Papiamentu: Crioulo de base ibérica (português/espanhol) falado em Aruba, Bonaire e Curaçao.
- Crioulos de Cabo Verde e Guiné-Bissau: Base lexical portuguesa.
- Gullah: Crioulo de base inglesa falado em ilhas da Carolina do Sul e Geórgia (EUA).
Existem divergências teóricas sobre a gênese dos crioulos:
Teoria da Fala Estrangeira (Foreigner Talk): Sugere que a pidginização/crioulização resulta da cristalização de um modelo incompleto e simplificado da língua dominante (a "fala de estrangeiro"), adquirido por grupos subordinados (como africanos escravizados) em condições adversas e com acesso limitado ao modelo linguístico pleno.
Teoria do Substrato: Postula que os elementos gramaticais da língua nativa (substrato) dos falantes adultos são transferidos para o código emergente. Nessa visão, a estrutura gramatical do crioulo reflete fundamentalmente as línguas africanas (no caso dos crioulos afro-atlânticos), e a gênese do crioulo é determinada pelos fatores sociais envolvidos na negociação de soluções gramaticais entre diferentes grupos de substratos.
Teoria do Superstrato: Enfatiza a influência da língua lexificadora (superstrato) europeia.
Teoria da Bioprogram Language (Bickerton): Sugere que crianças, diante de input linguístico deficiente (o pidgin), ativam uma "gramática universal" inata, criando estruturas gramaticais complexas que seriam universais aos crioulos.
Teorias Contemporâneas: Pesquisadores atuais argumentam que os processos diacrônicos que ligam um crioulo à sua língua lexificadora não são inerentemente diferentes dos encontrados nas mudanças linguísticas naturais em outras situações de contato, refutando a ideia de que os crioulos são um tipo linguístico especial ou uma categoria à parte. Essa perspectiva vê a crioulização como um ponto em um continuum de mudanças linguísticas induzidas por contato.
O Brasil possuiu e ainda possui variedades de contato com características criouloides. Os falares crioulos afro-brasileiros, como os falares rurais de comunidades quilombolas isoladas, e a Língua Geral Paulista e Língua Geral Amazônica (Nheengatu) – estas últimas surgidas do contato entre português e línguas tupis – são exemplos cruciais para entender a evolução do Português Brasileiro como uma língua colonial e a diversidade etnolinguística do país[6].
Línguas veiculares e línguas francas[editar]
Línguas veiculares (ou línguas francas) são línguas utilizadas para comunicação intergrupal em uma região ampla, onde os falantes não compartilham uma L1. Diferentemente dos pidgins, uma língua veicular pode ser uma língua natural não simplificada, adotada por prestígio político, econômico, religioso ou alcance demográfico.
Exemplos históricos e contemporâneos:
- Latim: Funcionou como língua franca da Europa medieval, especialmente em contextos religiosos, jurídicos e acadêmicos.
- Grego Koiné: Língua franca do Mediterrâneo oriental na Antiguidade.
- Árabe Clássico: Língua franca do mundo islâmico e do comércio no Oriente Médio e Norte da África.
- Suaíli (Swahili): Língua franca da África Oriental, usada em comércio e comunicação inter-étnica.
- Inglês Contemporâneo: Língua franca global em ciência, tecnologia, aviação, negócios e diplomacia.
No Brasil, o Nheengatu (Língua Geral Amazônica) serviu historicamente como uma língua veicular crucial na Amazônia, sendo utilizada por indígenas de diferentes etnias, colonos portugueses, missionários e comerciantes desde o período colonial até o século XIX. Seu reconhecimento atual, inclusive pela cooficialização em municípios como São Gabriel da Cachoeira (AM) ao lado do Tukano e Baniwa, atesta a relevância histórica e contemporânea dessas variedades, que, assim como os pidgins, são produtos típicos de uma gestão in vivo do plurilinguismo.
Os fenômenos descritos acima podem ser didaticamente sintetizados conforme suas características essenciais:
Fenômeno | Função Social | Características Estruturais | Status Nativista | Exemplos |
---|---|---|---|---|
Pidgin (Língua Aproximativa) | Comunicação elementar e utilitária (comércio, trabalho). Gestão in vivo. | Gramática e léxico altamente simplificados; morfologia reduzida; sintaxe básica. | Nenhuma comunidade de falantes nativos. | Tok Pisin, Russenorsk, Pidgin English da África Ocidental |
Crioulo | Língua primária da comunidade (mother tongue); todas as funções comunicativas. | Gramática complexa e expandida (resultado da crioulização); léxico amplo; morfossintaxe plena. | Possui falantes nativos (adquirido como L1). | Crioulo Haitiano, Papiamentu, Crioulos de Cabo Verde |
Língua Veicular / Franca | Comunicação intergrupal ampla em uma região; comércio, diplomacia, religião, educação. | Pode ser uma língua natural plena (não simplificada) ou um crioulo/pidgin expandido. | Variável (pode ter ou não falantes nativos). | Nheengatu, Suaíli, Inglês global, Latim medieval |
Macrofenômenos políticos: diglossia e conflito linguístico[editar]
O estudo de Calvet culmina na análise da diglossia e dos conflitos linguísticos, onde as relações de poder e as atitudes sociais se manifestam explicitamente na hierarquia entre variedades linguísticas.
Diglossia: a crítica de Calvet ao modelo harmonioso[editar]
O conceito clássico de diglossia (Ferguson, 1959) descreve uma coexistência relativamente estável de duas variedades (Alta – H [High], e Baixa – L [Low]) de uma mesma língua ou de línguas relacionadas, com domínios de uso rigidamente separados:
- Variedade H (Alta): Usada em contextos formais, escritos, religiosos, educacionais, literários, oficiais (sermões, noticiários, discursos políticos, literatura).
- Variedade L (Baixa): Usada em contextos informais, familiares, coloquiais (conversas cotidianas, interações pessoais).
Exemplos clássicos de diglossia:
- Árabe: Árabe Clássico (H) vs. Árabe Coloquial (L) – variedades dialetais regionais.
- Grego: Katharevousa (H, forma arcaizante) vs. Dimotiki (L, forma popular) – situação histórica, hoje resolvida em favor da forma popular.
- Suíço-Alemão: Alemão Standard (H) vs. Schwytzertüütsch (L, dialetos suíços).
- Haiti: Francês (H) vs. Crioulo Haitiano (L) – diglossia bilíngue.
Contudo, Calvet e a Sociolinguística do Conflito rejeitam a visão harmoniosa e funcionalista da diglossia[7]. Para Calvet, a diglossia não é meramente uma distribuição funcional complementar, mas uma situação de conflito linguístico e dominação social. A coexistência hierárquica reflete o domínio de uma variedade (H), associada a grupos sociais prestigiados e ao poder institucional, sobre a outra (L), associada a camadas populares e contextos desvalorizados.
O falante da variedade menos prestigiada encontra-se numa posição de insegurança linguística, internalizando a desvalorização de sua própria fala e sendo frequentemente objeto de preconceito e discriminação. Essa hierarquia não é linguística (ambas as variedades são sistemas complexos e adequados), mas sociopolítica, refletindo e reproduzindo desigualdades de classe, etnia, região e educação.
No Brasil, embora não haja uma situação diglóssica no sentido técnico de Ferguson, existe uma situação análoga com a oposição entre:
- Variedades Prestigiadas: Norma-padrão, variedades urbanas do Sudeste, especialmente de São Paulo e Rio de Janeiro.
- Variedades Estigmatizadas: Variedades rurais, variedades urbanas periféricas, variedades do Nordeste e Norte, português de comunidades quilombolas e indígenas.
Conflito linguístico como motor da mudança[editar]
O conflito linguístico, inerente a situações de contato com desequilíbrio de poder, é um propulsor crucial para a mudança linguística e a manifestação de identidades. A decisão de falantes em contato de não quererem falar a língua do vizinho, impulsionada pela vontade de marcar diferença étnica, nacional ou identitária, tem efeitos diretos e observáveis sobre a forma e a evolução das próprias línguas.
Exemplos históricos e contemporâneos:
- Sérvio vs. Croata: Embora linguisticamente muito próximas (mutuamente inteligíveis), as tensões políticas e identitárias levaram a uma diferenciação consciente: sérvios escrevem em alfabeto cirílico e buscam empréstimos russos; croatas escrevem em alfabeto latino e buscam empréstimos germânicos.
- Hindi vs. Urdu: Mutuamente inteligíveis na fala coloquial, mas diferenciadas por razões religiosas e políticas (hindu vs. muçulmano): hindi escrito em devanágari com empréstimos sânscritos; urdu escrito em alfabeto árabe-persa com empréstimos persas e árabes.
- Norueguês Bokmål vs. Nynorsk: Duas formas oficiais do norueguês, mantidas por razões políticas e identitárias, refletindo tensões entre influência dinamarquesa (Bokmål) e purismo nacionalista (Nynorsk).
- Diferenciação Dialetal no Brasil: A manutenção e até intensificação de traços dialetais regionais (como o "r" caipira, chiado carioca, entonação nordestina) pode funcionar como marcador de identidade e resistência à homogeneização linguística imposta pela mídia e educação padronizadora.
Assim, a Sociolinguística de Contato precisa analisar o conflito não apenas como uma atitude subjetiva, mas como um mecanismo sociológico ativo que molda a estrutura, o vocabulário, a ortografia e até o nome das línguas. O conflito linguístico é, portanto, simultaneamente sintoma e causa de transformações linguísticas.
A política dos nomes: glotônimos e poder[editar]
A maneira como as línguas são nomeadas também reflete relações de poder e conflito. Para o falante comum, a língua é uma prática fluida e vivida; para o linguista e para as instituições, ela é frequentemente um item taxonômico que precisa ser nomeado de maneira unívoca e classificado hierarquicamente.
O ato de dar nome a uma variedade (glotônimo) carrega conotações sociais, políticas e históricas profundas:
- Classificar uma variedade como "crioulo" pode carregar estigma histórico de subordinação e "primitivismo", ainda que linguisticamente seja uma língua plena.
- Chamar uma variedade de "dialeto" frequentemente implica subordinação a uma "língua-mãe" prestigiada, ainda que não haja critério linguístico objetivo que separe língua de dialeto (a famosa frase: "uma língua é um dialeto com exército e marinha").
- A escolha entre nomes como "brasileiro" vs. "português do Brasil" reflete posições ideológicas sobre autonomia linguística e identidade nacional.
- Povos indígenas frequentemente rejeitam etnônimos e glotônimos impostos externamente, reivindicando autodenominações (por exemplo, preferir "Yanomami" a denominações pejorativas históricas).
Essa dimensão política da nomenclatura linguística revela que o estudo do contato não pode ser "neutro" ou puramente descritivo – ele está sempre inserido em relações de poder que o pesquisador deve explicitar e problematizar.
Implicações pedagógicas dos estudos de Contato Linguístico na Educação Básica[editar]
Para o curso de graduação em Letras, a análise dos contatos linguísticos não é apenas um exercício teórico, mas uma ferramenta essencial para a Sociolinguística Educacional. O professor em formação deve ser capaz de realizar a transposição didática dos saberes científicos para o contexto da sala de aula, adaptando conceitos complexos a estratégias pedagógicas acessíveis e relevantes para diferentes níveis de ensino.
A análise de fenômenos específicos de contato linguístico pode ser transformada em objetos de ensino riquíssimos:
Code-switching em regiões de fronteira e comunidades de imigrantes
O Code-Switching nas regiões fronteiriças (Brasil-Bolívia, Brasil-Paraguai, Brasil-Argentina, Brasil-Uruguai) e em comunidades de imigrantes urbanas deve ser apresentado aos alunos não como sinal de "deficiência", "confusão" ou "falta de domínio", mas como uma habilidade linguística complexa e contextualizada, que demonstra:
- Proficiência avançada em múltiplos sistemas linguísticos
- Sensibilidade pragmática para escolher códigos apropriados
- Capacidade de negociar identidades múltiplas
- Parte essencial da identidade bilíngue e bicultural
Atividades pedagógicas sugeridas:
- Análise de gravações autênticas de CS em contextos naturais
- Discussão sobre as funções pragmáticas da alternância (quando e por que os falantes alternam?)
- Exercícios de identificação da língua matriz e língua embebedora
- Produção de narrativas ou diálogos usando CS de forma consciente e funcional
- Reflexão sobre experiências pessoais de bilinguismo (para alunos bilíngues) ou contato com bilíngues
O professor atua como um agente de mediação crítica, apto a interpretar as práticas linguísticas dos alunos dentro de seu contexto social e cultural, legitimando-as como manifestações de competência e não de deficiência.
Análise crítica de empréstimos e estrangeirismos
Em vez de simplesmente proibir ou condenar anglicismos e outros estrangeirismos (postura purista ineficaz), a escola deve analisar criticamente:
- O prestígio e o poder cultural/econômico que induzem à adoção de empréstimos
- A assimetria nas relações entre línguas (por que emprestamos mais do inglês do que o inglês empresta do português?)
- As áreas semânticas privilegiadas (tecnologia, economia, entretenimento)
- Os processos de adaptação fonológica e morfológica (deletar, printar)
- A diferença entre empréstimo necessário (preenche lacuna lexical) e empréstimo de prestígio (existe equivalente português)
Atividades pedagógicas sugeridas:
- Levantamento de estrangeirismos em textos publicitários, menus de restaurantes, nomes de lojas
- Pesquisa sobre a história de palavras: quando e por que entraram no português?
- Debate sobre políticas linguísticas (leis que tentam impor equivalentes portugueses)
- Análise comparativa: empréstimos de diferentes épocas históricas (francês século XIX vs. inglês século XXI)
- Criação consciente de neologismos vernáculos como alternativas aos estrangeirismos
Essa abordagem transforma a palavra estrangeira em objeto de reflexão sobre relações internacionais de poder, globalização, identidade nacional e política linguística, desenvolvendo consciência crítica nos alunos.
Estudo da gênese linguística: pidgins, crioulos e línguas de contato históricas
Abordar a formação de pidgins e crioulos e o papel das línguas de contato na história do Brasil para:
- Ilustrar que a língua portuguesa é, ela própria, resultado de múltiplos contatos (com línguas indígenas tupis, línguas africanas banto e oeste-africanas, línguas de imigração)
- Desmistificar a ideia de uma língua "pura" ou "original"
- Compreender que toda língua é produto de contato e mudança histórica
- Valorizar a contribuição de povos indígenas e africanos para a formação do Português Brasileiro
- Entender processos de crioulização como exemplos de criatividade linguística humana
Atividades pedagógicas sugeridas:
- Estudo de palavras de origem tupi (mandioca, tatu, pipoca, caipira) e africana (moleque, cachimbo, samba, caçula) no português
- Análise de textos em línguas crioulas de base portuguesa (cabo-verdiano, são-tomense)
- Comparação entre estruturas do português popular brasileiro e características de crioulos
- Pesquisa sobre a Língua Geral Paulista e o Nheengatu amazônico
- Discussão sobre estigma associado a crioulos e suas implicações sociais
Variação e contato dialetal interno
O contato não ocorre apenas entre línguas diferentes, mas também entre variedades dialetais do português brasileiro:
- Migração rural-urbana (contato entre variedades rurais e urbanas)
- Migração inter-regional (nordestinos em São Paulo, gaúchos na Amazônia)
- Mobilidade social (contato entre socioletos de diferentes classes)
- Mídia de massa (difusão de variedades prestigiadas)
Atividades pedagógicas sugeridas:
- Análise de traços fonológicos, morfossintáticos e lexicais regionais
- Mapeamento da diversidade dialetal brasileira
- Discussão sobre estereótipos e preconceitos associados a sotaques
- Valorização da riqueza cultural representada pela diversidade dialetal
- Reflexão sobre processos de acomodação linguística e nivelamento dialetal
Postura pedagógica: normativa vs. sociolinguística[editar]
A tabela a seguir contrasta as duas posturas pedagógicas em relação aos contatos e à variação linguística:
Postura | Concepção de Língua | Tratamento do Contato Linguístico (CL) | Tratamento da Variação | Resultado Pedagógico |
---|---|---|---|---|
Normativa/Purista | Homogênea, única, superior. O "triângulo escola-gramática-dicionário". Língua como sistema abstrato e imutável. | CL (Code-Switching, Empréstimos, Interferências) é visto como erro, deficiência, falta de cultura, corrupção da língua. Bilinguismo é visto como problema. | Apenas a norma-padrão é legítima. Variações são "erros" que devem ser "corrigidos". Sotaques e dialetos não-padrão são ridicularizados. | Reforça o preconceito linguístico, a insegurança, o fracasso escolar e a exclusão social. Reproduz desigualdades. Aliena alunos de sua própria língua. |
Sociolinguística/Funcional | Heterogênea, dinâmica, fato social. Coexistência legítima de variedades. Língua como prática social e cultural. | CL é visto como habilidade complexa, recurso identitário legítimo, manifestação de competência bilíngue. Bilinguismo é visto como recurso cognitivo e cultural valioso. | Todas as variedades são sistemáticas e adequadas a seus contextos. Norma-padrão é uma variedade entre outras, com função social específica. Diversidade é valorizada. | Expande o repertório comunicativo do aluno, promove cidadania crítica, combate preconceitos, valoriza identidades culturais. Empodera alunos. Promove equidade e justiça social. |
Conclusões[editar]
O Contato Linguístico é a regra universal da linguagem humana, e não exceção marginal, como defende Calvet. O monolinguismo estrito é historicamente raro e geograficamente concentrado; a maior parte da humanidade, ao longo da história e ainda hoje, vive em situações de multilinguismo e contato intenso entre línguas e variedades.
Os fenômenos de contato—desde o micro (empréstimos lexicais, interferências fonológicas, code-switching) até o macro (crioulização, formação de línguas francas, diglossia, conflitos linguísticos)—são intrinsecamente ligados a fatores sociais, econômicos, políticos e ideológicos. Não podem ser adequadamente compreendidos através de análises puramente estruturais ou formais que ignorem as condições sociais de produção e recepção linguística.
A Sociolinguística de Contato, ao adotar uma perspectiva crítica e engajada, revela que:
- A diglossia não é uma coexistência harmoniosa, mas um conflito de poder
- O empréstimo massivo não é fragilidade linguística, mas reflexo de dominação cultural e econômica
- A alternância de código não é deficiência ou confusão, mas habilidade complexa socialmente estigmatizada por ideologias monolíngues
- A crioulização não produz línguas "simples" ou "primitivas", mas línguas plenas surgidas em contextos de extrema adversidade e criatividade
- O preconceito linguístico não é questão de correção gramatical, mas de discriminação social que naturaliza desigualdades
Para o futuro professor de Letras, o domínio profundo desses conceitos, teorias e implicações práticas é absolutamente vital para uma atuação transformadora na Educação Básica. É precisamente na sala de aula que a transposição desses saberes científicos pode, de fato:
- Combater o preconceito linguístico em todas as suas manifestações
- Transformar a diversidade linguística de problema em valor formativo
- Capacitar os alunos a navegarem criticamente pela complexa realidade plurilíngue do Brasil contemporâneo
- Promover equidade e justiça social através do reconhecimento de direitos linguísticos
- Formar cidadãos críticos conscientes das dimensões políticas e ideológicas da linguagem
A Sociolinguística de Contato não é, portanto, apenas uma especialidade acadêmica, mas uma ferramenta de transformação social que equipa professores para desafiar estruturas de desigualdade e construir uma educação linguística verdadeiramente democrática, inclusiva e emancipatória.
O reconhecimento do Brasil como país radicalmente plurilíngue e multicultural – com mais de 160 línguas indígenas ainda faladas, dezenas de línguas de imigração mantidas, variedades crioulas e semicrioulas, intenso contato dialetal interno, e vastas regiões fronteiriças bilíngues – deve deixar de ser exceção ou curiosidade para tornar-se o pressuposto central de qualquer política educacional e de qualquer formação docente em Letras.
Bibliografia[editar]
Obras Fundamentais:
- CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. Tradução Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2002. (Edição original francesa 1993)
- CALVET, Louis-Jean. As políticas linguísticas. Tradução Isabel de Oliveira Duarte, Jonas Tenfen e Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
- MYERS-SCOTTON, Carol. Contact Linguistics: Bilingual Encounters and Grammatical Outcomes. Oxford: Oxford University Press, 2002.
Estudos sobre Contato Linguístico:
- CALLOU, Dinah. O ensino de língua materna na perspectiva sociolinguística. In: CALLOU, D. (Org.). O Português de todos os dias. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
- LIRA, Fabiana da Silva; PARADA, Edina Flores. Code-Switching na região fronteiriça Brasil-Bolívia: implicações para a identidade cultural e o preconceito linguístico. Revista de Estudos Amazônicos de Linguagem e Cultura, 2021.
- SAVEDRA, Mônica Maria Guimarães; PEREIRA, Telma Cristina de Almeida Silva. Sociolinguística de Contato e Política Linguística: propostas de interseções teórico-metodológicas. Matraga, v. 31, n. 61, p. 8-28, jan./abr. 2024.
- SOUZA, Jurgen Alves de. Code-switching e a gestão do conhecimento no discurso de imigrantes hispano-falantes em São Paulo. Tese (Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa) – Universidade de São Paulo, 2021.
- TARALLO, Fernando; ALKMIN, Tânia. Falares crioulos: línguas em contato. São Paulo: Ática, 1987. (Série Princípios)
Crioulística e Línguas de Contato:
- HOLM, John. An Introduction to Pidgins and Creoles. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.
- LUCCHESI, Dante; BAXTER, Alan; RIBEIRO, Ilza (Orgs.). O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009.
- MUYSKEN, Pieter. Bilingual Speech: A Typology of Code-Mixing. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.
- THOMASON, Sarah G.; KAUFMAN, Terrence. Language Contact, Creolization, and Genetic Linguistics. Berkeley: University of California Press, 1988.
Code-Switching e Bilinguismo:
- GROSJEAN, François. Bilingual: Life and Reality. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2010.
- GARDNER-CHLOROS, Penelope. Code-switching. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.
- POPLACK, Shana. Sometimes I'll start a sentence in Spanish Y TERMINO EN ESPAÑOL: toward a typology of code-switching. Linguistics, v. 18, n. 7-8, p. 581-618, 1980.
Referências[editar]
- ↑ CALVET, Louis-Jean. Sociolingüística: uma introdução crítica. Tradução Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2002[1993].
- ↑ SAVEDRA, Mônica Maria Guimarães; PEREIRA, Telma Cristina de Almeida Silva. Sociolinguística de Contato e Política Linguística: propostas de interseções teórico-metodológicas. Matraga, v. 31, n. 61, jan./abr. 2024
- ↑ MYERS-SCOTTON, Carol. Contact Linguistics: Bilingual Encounters and Grammatical Outcomes. Oxford University Press, 2002.
- ↑ LIRA, Fabiana da Silva; PARADA, Edina Flores. Code-Switching na região fronteiriça Brasil-Bolívia: implicações para a identidade cultural e o preconceito linguístico. Revista de Estudos Amazônicos de Linguagem e Cultura, 2021.
- ↑ SOUZA, Jurgen Alves de. Code-switching e a gestão do conhecimento no discurso de imigrantes hispano-falantes em São Paulo. Tese de Doutorado, USP, 2021.
- ↑ TARALLO, F.; ALKMIN, T. Falares crioulos. Línguas em contato. São Paulo: Editora Ática, 1987.
- ↑ CALVET, Louis-Jean. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola, 2007.