Por Pedro Simões (2019)
Além disso, não existem irregularidades na língua. Para simplificá-la ao máximo, passam a ser retiradas todas as exceções da gramática.
Outra característica marcante deste idioma fictício é a extinção de algumas palavras perigosas para o partido. Inúmeras palavras como honra, justiça, moralidade, internacionalismo, democracia, ciência e religião simplesmente deixarão de existir, passando a ser englobadas em alguns poucos vocábulos reducionistas. Todas essas expressões em torno dos conceitos de liberdade e igualdade, por exemplo, estavam contidas no termo crimepensar.
A hipótese Sapir-Whorf, também conhecida como relativismo linguístico, é uma teoria proposta por Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf que afirma que a estrutura da língua afeta a cognição e visão de mundo de seus falantes e vice-versa, interagindo de forma dinâmica. Um exemplo que foi utilizado para ilustrar sua pesquisa foi a ideia de tempo na língua Hopi, um idioma indígena dos Estados Unidos. Segundo Benjamin, a língua Hopi não tinha uma palavra para ‘tempo’ e, assim, não possuía este conceito em sua cultura.
Percebe-se que o norte e o sul do Brasil, apesar de falar a mesma língua, têm culturas bastante diferentes. Por outro lado, gaúchos são bastante próximos culturalmente dos uruguaios, que falam outro idioma. Mesmo assim, a língua portuguesa lhes traz características que os unem como a palavra ‘saudades’, ‘cafuné’ e o sufixo ‘inho’.
A hipótese Sapir-Whorf é dividida em duas: a forte, que defende a ideia da língua determinar a cultura, e a fraca, que propõe que ela a influencia. Enquanto a “versão” forte da hipótese já foi descartada no ambiente acadêmico, a fraca continua sendo popular entre alguns estudiosos.
A novafala no mundo real
(continua...)