Padronização linguística

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A padronização linguística é instrumento fundamental para a hiearquização das variedades linguísticas. Einar Haugen identificou quatro processos na padronização linguística:

  1. Seleção: Escolha de uma variedade como base
  2. Codificação: Fixação de regras em gramáticas e dicionários
  3. Implementação: Difusão através de instituições (escola, mídia, Estado)
  4. Elaboração: Desenvolvimento de registros especializados

James Milroy distingue entre:

  • Padronização (standardization): Processo histórico de imposição
  • Ideologia do padrão (standard ideology): Conjunto de crenças que legitimam o padrão

A padronização acompanha processos de construção estatal e imperial. A história das políticas linguísticas mostra três vetores principais:

  • Formação dos Estados-Nação: a unificação linguística foi estratégia central na consolidação do poder estatal. A França jacobina eliminou sistematicamente as línguas regionais através da educação obrigatória. O lema "Une langue, une nation" (Uma língua, uma nação) justificou séculos de política linguística assimilacionista.
  • Imperialismo e colonialismo linguísticos: as potências coloniais impuseram suas línguas como instrumentos de dominação cultural. O inglês, francês, espanhol, português e holandês se espalharam não por superioridade intrínseca, mas através da força política e militar. O "linguistic imperialism" (imperialismo linguístico) de Robert Phillipson analisa como o inglês mantém sua dominação global através de estruturas de poder econômico e político.
  • Construção de identidades nacionais: Benedict Anderson, em "Comunidades Imaginadas", mostra como a padronização linguística foi fundamental para criar o sentimento de pertencimento nacional. A "invenção" de tradições linguísticas serviu para legitimar projetos políticos específicos.