Por Pedro Simões
27/06/2025
A peça “O Céu da Língua”, escrita e protagonizada por Gregório Duvivier, leva ao palco uma fusão inédita de humor, poesia e conceitos da linguística, numa proposta que vem conquistando público e crítica.
Sob direção de Luciana Paes, o espetáculo se destaca por abordar, com leveza e inteligência, temas como a origem das línguas românicas, o uso de metáforas no cotidiano e os mecanismos de mudança linguística. A montagem combina piadas, poesia e referências acadêmicas, criando uma experiência que vai além do entretenimento. Entre as obras citadas no texto estão “Assim nasceu uma língua”, do linguista português Fernando Venâncio, e “Latim em pó”, de Caetano Galindo, conhecido por suas traduções e estudos sobre o latim e suas transformações.
Formado em Letras, Duvivier assume em cena uma perspectiva não normativista sobre a língua portuguesa, defendendo sua natureza viva, diversa e criativa. Um dos momentos marcantes do espetáculo é quando o ator afirma: “Todo dicionário é um cemitério de metáforas”, ao explicar como expressões corriqueiras, como “maçã do rosto” ou “batata da perna”, revelam a imaginação presente no processo linguístico.
A montagem, que estreou em 2024, vem sendo apontada por críticos como um raro exemplo de teatro que alia divulgação científica e linguagem artística, conseguindo manter o interesse do público mesmo em discussões técnicas sobre língua e gramática. Para Duvivier, a peça também é uma oportunidade de aproximar o público de questões linguísticas que geralmente ficam restritas ao meio acadêmico.
Além das apresentações em Portugal, a produção planeja novos circuitos no Brasil. Embora datas ainda não estejam confirmadas, a expectativa é que “O Céu da Língua” retorne em breve aos palcos brasileiros, consolidando-se como um espetáculo que combina arte e conhecimento de forma acessível e divertida.
