Por Ronaldo Martins
13/11/2025
O filósofo americano John Searle faleceu no dia 17 de setembro de 2025, aos 93 anos. Professor emérito da Universidade da Califórnia em Berkeley, ele foi um dos mais influentes pensadores da filosofia da linguagem e da mente, reconhecido por aprofundar a teoria dos atos de fala e propor o experimento mental “quarto chinês”, que debate a consciência artificial.
John Rogers Searle nasceu em 31 de julho de 1932 em Denver, Colorado. Após graduação em Filosofia, Política e Economia em Oxford, desenvolveu uma carreira acadêmica que se estendeu por mais de seis décadas na Universidade da Califórnia em Berkeley.
Desde os anos 1960 e 1970, Searle dedicou-se a investigar como a linguagem não apenas descreve o mundo, mas efetivamente realiza ações — sua teoria dos atos de fala partiu da ideia de que dizer algo como “prometo” ou “aceito” é agir no mundo linguístico.
Posteriormente, ampliou sua reflexão para a filosofia da mente, defendendo que estados mentais e a consciência são fenômenos biológicos reais, mesmo que não se reduzam a simples processos físicos. Sua posição, denominada “naturalismo biológico”, buscava um meio-termo entre o reducionismo materialista e o dualismo tradicional.
No campo da inteligência artificial, ficou particularmente célebre o experimento mental do “quarto chinês”, que ele usou para argumentar que, embora um sistema computacional possa manipular símbolos com competência, isso não equivale a compreensão ou consciência genuína. A partir desta hipótese, alimentou debates intensos sobre os limites da IA e as condições da mente humana.
O impacto de seu trabalho extrapolou a filosofia analítica tradicional, alcançando áreas como linguística, ciência cognitiva e estudos sociais. Ele escreveu obras como Speech Acts (1969) e Intentionality (1983) que permanecem referências para quem estuda linguagem, significado e ação comunicativa.
Searle deixa uma herança intelectual que fortalece a noção de que a linguagem ocupa papel central na constituição das realidades sociais, da mente e da cultura humana. Seu legado segue vivo nas reflexões sobre como pensamos, falamos e nos relacionamos — linguística e filosoficamente — no mundo contemporâneo.