Por Pedro Simões
13/10/2025
O governo da Região Autônoma do Tibete, na China, anunciou recentemente uma reforma educacional que removerá a língua tibetana como disciplina obrigatória no exame nacional de admissão à universidade (Gaokao) a partir de 2026. Com isso, o idioma deixará de ter peso central para a maioria dos estudantes, sendo oferecido apenas como prova optativa para quem se inscrever em cursos especializados, como literatura ou medicina tibetana.
A justificativa oficial do governo local é que a mudança busca “unificar os assuntos de exame” e proporcionar “acesso mais justo a uma educação de qualidade” para todos os grupos étnicos. No entanto, a medida gerou preocupação entre a comunidade tibetana e observadores internacionais, que temem a perda de valor prático e oficial da língua no sistema educacional e, consequentemente, seu enfraquecimento cultural.
Analistas afirmam que a decisão se insere em uma tendência de “sinização” da região, intensificando a presença da língua e cultura han-chinesas. Estudantes e pais tibetanos já relatam debates sobre a utilidade de manter o estudo do tibetano diante da diminuição de sua relevância no exame universitário.
Essa mudança não surge isoladamente: nos últimos anos, o ensino do tibetano já vinha sendo reduzido em favor do mandarim, mesmo em escolas primárias e secundárias. Especialistas destacam que a língua é um elemento central da identidade cultural tibetana, e sua marginalização pode impactar a forma como futuras gerações percebem seu próprio idioma e herança.
A aplicação plena da reforma está prevista para 2026, e o impacto será monitorado de perto por organizações internacionais e grupos de defesa dos direitos culturais, que acompanham de perto a preservação da língua tibetana na educação e na sociedade.
Vale lembrar que a língua tibetana é falada por mais de 7 milhões de pessoas, principalmente na China, mas também em países ao redor como Índia e Nepal. Elas são um ramo da família tibeto burmana, família de idiomas falada por 60 milhões de pessoas no Sudeste Asiático e no Sudeste da China. São distantes do mandarim, idioma mais falado e oficial da China.
No campo político, o Tibete tem um movimento separatista significativo e parte de seu povo clama a independência da China. De religião budista, o Tibete apresenta figuras conhecidas como o Dalai Lama e, no campo da literatura, o livro de viagem autobiográfico Sete anos no Tibete, escrito pelo austríaco Henrich Harrer, retrata a vida o Tibete no século XX - pós Segunda Guerra Mundial - quando a região ainda era isolada do mundo exterior.
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