Por Edgar Allan Poe - Tradução por Fernando Pessoa (1849)
Annabel Lee, de Edgar Allan Poe (1809–1849), foi publicado postumamente em 9 de outubro de 1849, dois dias após a morte do autor, no The New York Tribune. O poema foi incluído como parte do obituário escrito por Rufus Griswold, amigo e executor literário de Poe, publicado na edição vespertina do jornal. O poema, de caráter lírico e gótico, trata do amor intenso e eterno entre o eu-lírico e Annabel Lee, exaltando sentimentos de paixão, perda e morte. Com ritmo melódico e linguagem emotiva, Poe convida o leitor a mergulhar na força do amor idealizado e na tragédia da separação prematura.
Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.
Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.
E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.