Por Oscar Wilde (1887)
- Um dia, fui à Rua Cumnor. Não podia deixar de fazê-lo. Vivia torturado pela dúvida. Bati à porta e uma mulher de aspecto respeitável abriu-a para mim. Perguntei-lhe se havia quartos para alugar.
- Bem, meu senhor - respondeu ela - as salas podem ser alugadas, mas há três meses que não tenho visto a senhora e como os alugueres estão-se a acumular, o senhor poderá alugá-las.
- É esta a senhora? - perguntei, mostrando-lhe a fotografia.
- É ela, sim, com toda certeza - exclamou a mulher. - E quando estará de volta, meu senhor?
- Morreu - respondi.
- Oh! meu senhor, não diga!» - disse a mulher. - Era a minha melhor inquilina. Pagava-me três guinéus por semana simplesmente para vir sentar-se nesta minha sala de vez em quando.
- Encontrava-se com alguém aqui? - perguntei, mas a mulher garantiu-me que tal não ocorria, que ela sempre vinha sozinha e não via ninguém.
- Mas afinal que fazia ela aqui? - exclamei.
- Ficava simplesmente sentada na sala, meu senhor, lendo livros e às vezes tomava chá - respondeu a mulher.
Não sabia o que dizer, de modo que lhe dei um soberano e saí. Agora, que pensa que significava tudo aquilo? Não acredita que a mulher estivesse a dizer a verdade?
- Acredito.
- Então por que ia Lady Alroy ali?
- Meu caro Geraldo - respondi - Lady Alroy era simplesmente uma mulher com a mania do mistério. Alugava aqueles quartos somente pelo prazer de ir ali, de véu descido e imaginando ser uma heroína. Tinha paixão pelo segredo, mas não passava de uma simples esfinge sem segredo.
- Estou convencido disto - repliquei.
Lorde Murchison tirou do bolso a carteira de marroquim, abriu-a e olhou a fotografia.
- Quem sabe? - disse afinal.
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