Sociolinguística
Definição
A sociolinguística, frequentemente referida como sociologia da linguagem, é uma disciplina central no campo da linguística, dedicada ao estudo aprofundado da relação intrínseca entre a língua e a sociedade. Seu principal foco reside na investigação da variabilidade social da língua, examinando como diversos fatores sociais, como classe, gênero, idade, raça, região e contexto histórico, influenciam a comunicação humana.
Em contraste com outras áreas da linguística que se concentram nas estruturas internas da língua – como a fonética, a sintaxe e a morfologia – a sociolinguística direciona sua atenção para a diversidade dos usos de linguagem. Ela explora como diferentes grupos sociais interagem e se influenciam mutuamente por meio da língua. Uma premissa fundamental desta disciplina é a não-homogeneidade da língua; ela é continuamente moldada pela cultura, pelas relações de poder, pelas tradições e pelos padrões de comportamento social.
O campo da sociolinguística abrange a identificação e o estudo de dialetos regionais, socioletos (variedades linguísticas de grupos sociais específicos), etnoletos e outras subvariedades e estilos dentro de uma língua. Além de fenômenos como a variação étnica e etária, a sociolinguística também se dedica a explicar a formação de "variantes de prestígio" e a dinâmica do "preconceito linguístico", que estigmatiza certas formas de falar em detrimento de outras. Para realizar suas investigações, a sociolinguística emprega uma variedade de métodos de pesquisa, incluindo etnografia, observação participante, análise de gravações de fala e entrevistas.
A sociolinguística representou uma ruptura significativa com o formalismo teórico predominante na linguística do século XX. Ao introduzir o conceito de variável linguística, ela desafiou a visão de língua como um sistema abstrato e homogêneo que caracterizava abordagens anteriores. Essa mudança de perspectiva não apenas preencheu uma lacuna nos estudos linguísticos, mas também redefiniu o objeto e a metodologia da disciplina, abrindo caminho para uma compreensão mais realista e socialmente contextualizada da linguagem.
Além de sua natureza descritiva, a sociolinguística possui uma dimensão intrinsecamente social e política. Ao desvendar como as dinâmicas sociais refletem, reforçam e até mesmo desafiam a linguagem, e como a língua é utilizada para construir identidades e manter ou desafiar hierarquias sociais, a disciplina se posiciona como uma ferramenta para a justiça social. A análise do preconceito linguístico, por exemplo, que discrimina pessoas com base em suas formas de falar, ilustra o compromisso da sociolinguística em promover a valorização de todas as variedades linguísticas.
Antecedentes
A emergência da sociolinguística na segunda metade do século XX não foi um evento isolado, mas o culminar de diversas correntes intelectuais e críticas aos paradigmas linguísticos dominantes da época.
Críticas ao formalismo linguístico (Saussure e Chomsky)
Antes do advento da sociolinguística, o cenário linguístico do século XX era amplamente dominado por duas correntes principais: o Estruturalismo Saussuriano e o Gerativismo Chomskyano.
O Estruturalismo Saussuriano, iniciado com a obra póstuma de Ferdinand de Saussure, "Curso de Linguística Geral" (1916), definiu a "língua" (o sistema abstrato e homogêneo) como seu objeto de estudo, em oposição à "fala" (o uso heterogêneo e individual da língua). Fenômenos variáveis, considerados parte da "fala", eram excluídos da análise linguística formal, que se concentrava nos aspectos internos do sistema. Embora Saussure reconhecesse o aspecto social da língua, sua abordagem priorizava o formalismo.
Posteriormente, o Gerativismo Chomskyano, surgido na década de 1960, focou na "competência" (o conhecimento interno do falante sobre a língua), negligenciando a "performance" (o uso real da língua em contexto, influenciado por fatores externos). A idealização de um "falante-ouvinte ideal" em uma comunidade homogênea levou à exclusão das condições socialmente relevantes do escopo de estudo.
Ambas as correntes, ao idealizarem a língua como um sistema homogêneo e abstrato, desconsideraram as influências sociais em seus objetos de estudo. Essa postura é referida como o "axioma da categoricidade", que buscava regularizar os dados linguísticos para eliminar a variabilidade inerente à linguagem real, aproximando a linguística da matemática e excluindo campos como a dialetologia e a estilística. A exclusão deliberada da dimensão social e da variação da língua pelos formalistas criou um vácuo para pesquisadores interessados na língua em seu uso real. A sociolinguística, portanto, surgiu como uma resposta necessária a uma limitação percebida nos paradigmas dominantes. A "homogeneidade" postulada pelas teorias formalistas era incompatível com a realidade observada da linguagem, pavimentando o caminho para uma disciplina que abraçaria a "heterogeneidade sistemática" como seu foco.
Influências da Sociologia e Antropologia
A sociolinguística é um campo intrinsecamente interdisciplinar, estabelecendo estreitas relações com a antropologia, a sociologia e a geografia linguística.
A associação com a antropologia, por vezes chamada de etnolinguística ou antropologia linguística, deve-se à extensão da descrição e análise da língua para incluir aspectos da cultura em que é utilizada. Figuras como Franz Boas, Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, com a Hipótese Sapir-Whorf (ou relatividade linguística), exploraram a ideia de que as características específicas de uma língua influenciam o pensamento e a cultura de seus falantes. Essa perspectiva desafiou as suposições universalistas sobre o pensamento humano, sugerindo que as diferenças linguísticas podem afetar a percepção e a construção da realidade.
A influência da sociologia é evidente em trabalhos precursores. Marcel Cohen, por exemplo, demonstrou um interesse precoce em situações multilíngues e na complexidade da prática da linguagem, desenvolvendo um método baseado em trabalho de campo e observação desde o início do século XX. Seus estudos sobre o jargão de engenheiros (1908) e o árabe falado por judeus em Argel (1912), bem como suas "Instructions pour les voyageurs" (1928), anteciparam o projeto sociolinguístico que culminaria em sua obra "Pour une sociologie du langage" (1956).
A Escola de Praga, fundada em 1926, é uma representante notável do funcionalismo e exerceu grande influência na linguística europeia. Seus membros opuseram-se ao historicismo e ao intelectualismo que viam a linguagem como mera exteriorização do pensamento. Os funcionalistas enfatizaram a multifuncionalidade da linguagem, destacando suas funções expressiva, social e conotativa, além da descritiva. Eles defendiam que a estrutura dos enunciados é determinada pelo uso no contexto comunicativo, tratando a linguagem por seu caráter instrumental.
A base interdisciplinar da sociolinguística, que incorpora conhecimentos da antropologia, sociologia e geografia linguística, constitui uma de suas maiores forças. Essa confluência de saberes permite abordar a complexidade da linguagem a partir de múltiplas perspectivas, enriquecendo a análise. Contudo, essa mesma diversidade pode gerar debates metodológicos e teóricos internos, à medida que diferentes abordagens buscam sua própria sistematicidade e relevância.
Primeiras menções e estudos precursores
O termo "sociolinguística" foi atestado pela primeira vez em 1939, no artigo "Sociolinguistics in India", de Thomas Callan Hodson. Embora a formalização do campo como disciplina autônoma tenha ocorrido mais tarde, na década de 1960, a base para o estudo da motivação social da mudança linguística já estava presente no modelo de ondas do final do século XIX. Além disso, William Stewart e Heinz Kloss, na década de 1960, introduziram conceitos básicos para a teoria sociolinguística das línguas pluricêntricas, descrevendo como as variedades padrão de uma língua diferem entre nações.
A história da sociolinguística, portanto, não é a de uma invenção súbita, mas de uma maturação gradual de ideias que desafiavam as concepções linguísticas da época. Trabalhos com uma "visão sociológica" da linguagem, como os de Marcel Cohen, datam de 1908, décadas antes da formalização do campo por William Labov. Reconhecer esses precursores enriquece a compreensão da profundidade intelectual e da continuidade histórica do campo, mostrando que a preocupação com a dimensão social da linguagem já existia antes de ser institucionalizada como uma disciplina específica.
Principais autores e obras
A formalização da sociolinguística como um campo autônomo e interdisciplinar ocorreu em meados do século XX, impulsionada pelas contribuições de pesquisadores que se tornaram figuras seminais.
William Labov e a Sociolinguística Variacionista
William Labov é amplamente reconhecido como o "pai" da Sociolinguística Variacionista. Sua obra representou uma ruptura com o formalismo linguístico ao introduzir o conceito de variável linguística e demonstrar a heterogeneidade ordenada da língua.
O texto considerado fundador da Sociolinguística Variacionista é "Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística" (2006, originalmente 1968), de Weinreich, Labov e Herzog. Contudo, foi com a publicação de "Padrões Sociolinguísticos" (1972) que o nascimento da Sociolinguística Variacionista se oficializou, solidificando a contribuição de Labov para sistematizar a variação linguística, antes vista como "caos".
Labov demonstrou que a variação linguística não é aleatória, mas sistemática, correlacionando padrões linguísticos com estruturas sociais. Seus estudos empíricos, como a pesquisa sobre a variação do /r/ em Nova York (documentada em "The Social Stratification of English in New York City", 1966) e a centralização dos ditongos em Martha's Vineyard (1968), são exemplos clássicos de como fatores sociais (classe, gênero, idade, ocupação, atitudes) influenciam a língua. Ele também abordou o "paradoxo do observador", um desafio metodológico na coleta de dados vernaculares, propondo estratégias para minimizá-lo. Labov defendeu uma abordagem bidialetal para crianças de grupos minoritários, refutando a "hipótese do déficit cultural", que atribuía a dificuldades de aprendizado a supostas deficiências linguísticas.
A seguir, a Tabela 1 apresenta as obras seminais de William Labov, destacando suas principais contribuições para o campo.
Tabela 1: Obras Seminais de William Labov
Título da Obra (Ano de Publicação) Contribuição/Foco Principal The Social Stratification of English in New York City (1966) Estudo pioneiro da variação fonológica correlacionada a fatores sociais (classe, estilo). Empirical Foundations for a Theory of Linguistic Change (1968, com Weinreich & Herzog) Texto fundador da Sociolinguística Variacionista, postulando a variabilidade inerente e a heterogeneidade ordenada da língua. Sociolinguistic Patterns (1972) Formalização da Sociolinguística Variacionista, apresentando metodologias para o estudo sistemático da variação linguística. Language in the Inner City: Studies in the Black English Vernacular (1972) Análise aprofundada do inglês vernáculo negro, com implicações para a educação e o preconceito linguístico. Principles of Linguistic Change (Vol. 1: Internal Factors, 1994; Vol. 2: Social Factors, 2001; Vol. 3: Cognitive and Cultural Factors, 2010) Obra abrangente sobre os mecanismos e motivações da mudança linguística, integrando fatores internos e externos.
Dell Hymes e a Etnografia da Comunicação
Dell Hymes, linguista, sociolinguista, antropólogo e folclorista, foi um pioneiro da sociolinguística interacional. Ele estabeleceu as bases disciplinares para o estudo comparativo e etnográfico do uso da linguagem.
Hymes desenvolveu o conceito de "competência comunicativa" como uma crítica e extensão da "competência linguística" de Chomsky. Enquanto Chomsky focava no conhecimento gramatical inato, Hymes argumentou que a competência comunicativa engloba o conhecimento do que é apropriado dizer em um determinado contexto social, incluindo padrões de atividade de fala dentro de uma comunidade. Sua obra seminal, "Foundations in Sociolinguistics: An Ethnographic Approach" (1974), propôs a etnografia da comunicação como um campo que estende a descrição e análise da língua para incluir aspectos da cultura em que é usada. Hymes enfatizou a necessidade de investigar diretamente o uso da linguagem em contextos situacionais para discernir padrões próprios da atividade da fala, que escapam a estudos puramente gramaticais. Para isso, ele desenvolveu o modelo SPEAKING (Setting, Participants, Ends, Act Sequence, Key, Instrumentalties, Norms, Genres) para analisar os componentes da interação linguística de forma sistemática.
Joshua Fishman e a Sociologia da Linguagem
Joshua A. Fishman foi uma figura proeminente na sociologia da linguagem, contribuindo significativamente para o estudo do multilinguismo, educação bilíngue e minoritária, planejamento linguístico, reversão da mudança de idioma e a relação entre língua e nacionalismo, religião e etnia.
Entre suas obras mais influentes estão "Language Loyalty in the United States" (1966), que investigou os esforços de manutenção de línguas não-inglesas por grupos étnicos e religiosos nos EUA , e "Sociolinguistics: A Brief Introduction" (1970). Ele também desenvolveu a Escala de Disrupção Intergeracional Graduada (GIDS) em "Reversing Language Shift" , utilizada para determinar o grau de ameaça de extinção de idiomas. Fishman fundou e editou o "International Journal of the Sociology of Language", criando uma plataforma intelectual crucial para a introdução e disseminação de novos modelos e teorias revolucionárias no campo.
Basil Bernstein e a Teoria dos Códigos Linguísticos
Basil Bernstein é conhecido por sua teoria sociolinguística dos códigos de linguagem, que buscou explicar as desigualdades baseadas na classe social no uso da linguagem.
Bernstein postulou a existência de códigos elaborados e códigos restritos. O código elaborado é mais explícito e completo, não assumindo conhecimento prévio do ouvinte, sendo comum em contextos formais e entre classes médias. O código restrito, por sua vez, é mais conciso e depende de conhecimento compartilhado e contexto, sendo mais prevalente em grupos intimamente ligados e entre a classe trabalhadora. Como educador, Bernstein estava interessado em explicar o desempenho inferior de estudantes da classe trabalhadora em disciplinas baseadas na linguagem, argumentando que a linguagem usada na conversação diária reflete e molda as suposições de um grupo social, influenciando a forma como as pessoas atribuem significado. Sua obra fundamental é "Class, Codes and Control" (1971).
Outros pesquisadores notáveis
Além dos pilares Labov, Hymes, Fishman e Bernstein, outros pesquisadores contribuíram para a diversificação do campo. J.Y. Gumperz, por exemplo, é destacado pelos trabalhos pioneiros em sociolinguística interacional. Stella Maris Bortoni-Ricardo é reconhecida na sociolinguística educacional , e William Stewart e Heinz Kloss pelas línguas pluricêntricas.
A força da sociolinguística reside na sua capacidade de integrar diferentes níveis de análise – do micro (interacional) ao macro (políticas linguísticas) – e de combinar metodologias quantitativas e qualitativas. Labov focou na quantificação da variação, Hymes na etnografia da comunicação e competência comunicativa, Fishman na sociologia da linguagem e planejamento linguístico, e Bernstein nas relações entre classe social e uso da linguagem. Embora distintos, esses focos não são mutuamente exclusivos, mas sim complementares, permitindo uma compreensão mais completa e multifacetada da complexa interação entre língua e sociedade.
O trabalho desses precursores, em conjunto, desviou o foco da linguística de sistemas abstratos para a "língua em uso" e a "prática social". Labov buscou sistematizar o que parecia ser o "caos" da variação, Hymes priorizou o contexto social do uso da linguagem, Fishman estudou as dinâmicas de línguas em comunidades reais, e Bernstein analisou a linguagem como reflexo e construtor de hierarquias sociais. Essa contribuição coletiva foi fundamental para solidificar a ideia de que a língua é um fenômeno social dinâmico e heterogêneo, intrinsecamente ligado à identidade e às estruturas de poder. Essa redefinição é a base para as linhas de pesquisa e as aplicações da sociolinguística na contemporaneidade.
Gênese e evolução dos conceitos fundamentais
A sociolinguística desenvolveu um conjunto de conceitos centrais para analisar a complexa relação entre língua e sociedade, que evoluíram ao longo do tempo.
Variação Linguística
A variação linguística é um dos conceitos mais fundamentais da sociolinguística, que postula que a língua não é homogênea, mas sim um sistema dinâmico e heterogêneo. As variações são inerentes a todas as línguas e ocorrem em diferentes níveis.
Os principais tipos de variação incluem:
- Variação Fonológica: Refere-se às diferenças na pronúncia dos sons, como a redução ou eliminação de vogais átonas no português nordestino (ex: "parede" soando como "p'rêde").
- Variação Lexical: Diz respeito ao uso de diferentes palavras para se referir à mesma coisa, como o vocabulário mineiro que inclui expressões características como "uai", "trem" e "bão".
- Variação Sintática: Envolve diferenças na construção de frases e expressões.
- Variação Diacrônica (ou Temporal): Resulta da passagem do tempo, refletindo as mudanças na língua ao longo da história, como a adoção de estrangeirismos.
- Variação Diatópica (ou Regional): Caracteriza as diferenças geográficas na língua, manifestadas em sotaques e vocabulário entre diferentes regiões, como os estados brasileiros.
- Variação Diastrática (ou Social): Refere-se às diferenças reconhecidas na linguagem de diversos grupos sociais, influenciadas por fatores como classe social, gênero, idade, escolaridade e profissão. Exemplos incluem o uso de gírias por homens versus mulheres, ou por adolescentes versus avós.
- Variação Diafásica (ou Estilística): Ocorre conforme o contexto comunicativo ou o grau de formalidade da situação.
- Variável Linguística: É o termo utilizado para designar o item linguístico que é alvo de mudança ou variação, onde diferentes formas (variantes) coexistem com o mesmo valor de verdade ou significado referencial.
Comunidade de fala e rede social
A "comunidade de fala" é uma unidade central de estudo na sociolinguística. Labov (1972/2008) definiu-a não pela concordância no uso de elementos linguísticos, mas pela "participação num conjunto de normas compartilhadas", incluindo atitudes avaliativas em relação aos usos linguísticos. No entanto, essa visão homogênea da comunidade de fala foi criticada por ser muito ampla e não capturar a complexidade da interação individual.
Em resposta a essas críticas, surgiram conceitos de "microníveis" de análise, como a "rede social". O conceito de rede social, com raízes na sociologia (Georg Simmel, Jacob Moreno, J. A. Barnes na década de 1950), foi expandido para a sociolinguística. Milroy (2004) e Britain e Matsumoto (2008) definiram a rede social como a totalidade de relações em que um indivíduo está envolvido, baseada em laços sociais (família, amizade, vizinhança). Redes sociais mais fortes tendem a reforçar normas linguísticas locais, enquanto laços mais fracos podem levar a mais variação e mudança linguística. A utilização de redes sociais permite o estudo de pequenos grupos sociais e a identificação de dinâmicas que motivam a mudança linguística.
A transição de macro para microanálises na compreensão da influência social, através da evolução do conceito de "comunidade de fala" para "redes sociais" e "comunidades de prática", reflete uma busca por maior precisão na captura das dinâmicas sociais que impulsionam a variação e a mudança. Essa evolução metodológica demonstra a maturidade da sociolinguística em reconhecer que os fenômenos linguísticos não são apenas reflexos de grandes categorias sociais, mas também produtos de interações sociais complexas e localizadas. O foco em microníveis permite uma compreensão mais detalhada de como as normas linguísticas são formadas, mantidas e transformadas.
Competência Comunicativa
O conceito de "competência comunicativa" foi desenvolvido por Dell Hymes como uma resposta à "competência linguística" de Noam Chomsky. Hymes argumentou que, para falar uma língua corretamente, não basta aprender seu vocabulário e gramática; é preciso também dominar o contexto em que as palavras são usadas. A competência comunicativa inclui o conhecimento das regras para a conduta e interpretação da fala, ou seja, a capacidade de usar a linguagem de forma eficaz e apropriada em diversas situações sociais. Hymes propôs o modelo SPEAKING para detalhar os componentes dos eventos comunicativos (Setting, Participants, Ends, Act Sequence, Key, Instrumentalties, Norms, Genres), fornecendo uma estrutura para a análise etnográfica da comunicação.
Atitudes Linguísticas
Os estudos sobre "atitudes linguísticas" investigam as crenças e avaliações que os falantes têm sobre sua própria variedade linguística e a de outros. Embora os estudos iniciais pertençam à Psicologia Social, a sociolinguística, a sociologia da linguagem e a linguística aplicada também contribuem para essa área. As atitudes linguísticas são cruciais porque influenciam a variação e a mudança da língua, a escolha de um idioma sobre outro e o ensino de línguas. William Labov enfatizou que as atitudes linguísticas desempenham um papel central na perpetuação das desigualdades sociais, pois a estigmatização de variedades não-padrão pode levar à exclusão.
Bilinguismo e diglossia
Esses conceitos são fundamentais para entender situações de contato entre línguas e variedades linguísticas. Charles Ferguson, em 1959, descreveu a diglossia como uma situação sociolinguística onde duas variedades de uma língua (ou línguas geneticamente aparentadas) coexistem em distribuição complementar dentro de uma comunidade. Uma variedade é considerada "elevada" (culta, formal) e a outra "baixa" (informal, coloquial), com usos sociais distintos. O
bilinguismo refere-se à capacidade de um indivíduo de usar duas ou mais línguas. O conceito de diglossia serve para relativizar o bilinguismo, especialmente quando este é apresentado sob uma ideologia de equilíbrio histórico-social, mostrando que as relações entre as línguas podem ser de dominante-dominado.
A interdependência entre forma linguística e significado social é um aspecto crucial revelado por esses conceitos. A "competência comunicativa" de Hymes explicitamente liga o conhecimento gramatical à adequação social, enquanto as "atitudes linguísticas" demonstram como as avaliações sociais (prestígio, estigma) afetam diretamente o uso e a percepção das variantes. A própria sociolinguística entende que a "escolha" de uma variante, mesmo que semanticamente equivalente, é carregada de valor social. Essa perspectiva é vital para entender como a linguagem funciona como um mecanismo de inclusão ou exclusão social, demonstrando que a língua não é apenas um sistema de regras, mas um campo de práticas sociais e simbólicas.
Sociolinguística no Brasil: História e Desenvolvimento
A sociolinguística no Brasil possui uma trajetória rica e produtiva, marcada pela adoção e adaptação das teorias internacionais às particularidades do português brasileiro e da sociedade nacional.
Início das Pesquisas e figuras-chave
As pesquisas na área da sociolinguística laboviana no Brasil tiveram início na década de 1970, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a orientação do professor Anthony Naro. Desde então, as linhas de pesquisa dedicadas à descrição de fenômenos variáveis no português do Brasil (PB) se expandiram e se disseminaram por diversas regiões do país.
Uma visão geral da história sociolinguística do Brasil revela um processo histórico de homogeneização linguística, no qual o português se impôs como língua hegemônica sobre um amplo mosaico linguístico original. No entanto, essa homogeneização não eliminou a rica diversidade interna do português falado no país, que continua a ser um objeto central de estudo.
A forte influência da metodologia laboviana e sua adaptação ao contexto brasileiro são evidentes no início da sociolinguística no país. A chegada dos estudos labovianos na década de 1970, sob a liderança de Anthony Naro, e a subsequente adoção de "métodos sociolinguísticos labovianos" por grandes projetos como o VARSUL, indicam uma significativa assimilação de uma abordagem quantitativa e variacionista. Essa influência moldou as questões de pesquisa e as metodologias preferenciais por um longo período, embora o campo continue a se diversificar e a integrar outras perspectivas.
Principais Projetos e bancos de dados
O desenvolvimento da sociolinguística brasileira é fortemente caracterizado pela criação de grandes projetos de coleta e análise de dados, que formaram importantes bancos de dados de fala e escrita.
O Projeto VARSUL (Variação Linguística na Região Sul do Brasil) é um dos projetos mais notáveis, sediado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e interinstitucional (envolvendo UFPR, UFRGS e PUC-RS). O VARSUL mantém um banco de dados de fala de informantes da Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), com 288 entrevistas orais coletadas na década de 1990, seguindo os métodos sociolinguísticos labovianos. A distribuição dos informantes por célula social, controlando variáveis como faixa etária, permite testar hipóteses de mudança linguística em tempo aparente.
O Projeto NURC (Norma Urbana Culta) é outro grande projeto da área, fundamental para o resgate do desenvolvimento da sociolinguística no Brasil.
O projeto nacional Para uma História do Português Brasileiro (PHPB), coordenado pelo professor Ataliba Castilho, coleta amostras de escrita diacrônicas em diversas capitais do Brasil. Em Santa Catarina, por exemplo, o grupo do PHPB, coordenado pela professora Izete Lehmkuhl Coelho, coleta peças de teatro e cartas dos séculos XIX e XX.
A Tabela 2 apresenta outros projetos relevantes que contribuíram para o mapeamento da variação linguística no Brasil, controlando variáveis como sexo/gênero, faixa etária, escolaridade, classe social e região.
Tabela 2: Principais Projetos Sociolinguísticos no Brasil
Projeto Localização/Escopo Foco/Variáveis Controladas VARSUL Região Sul (PR, SC, RS) Variação linguística (Laboviana), sexo/gênero, faixa etária, escolaridade. NURC Diversas capitais (ex: Rio de Janeiro) Norma Urbana Culta, variação e mudança linguística. PHPB Nacional (diversas capitais) História do Português Brasileiro, amostras de escrita diacrônicas. PEUL Rio de Janeiro Usos da língua, sexo/gênero, faixa etária, escolaridade. VALPB Paraíba Variação linguística, sexo/gênero, faixa etária, escolaridade. Dialetos Sociais Cearenses Fortaleza (Ceará) Dialetos sociais, sexo/gênero, faixa etária, bairro, classe social. LUAL Maceió (Alagoas) Língua usada em Alagoas, sexo/gênero, faixa etária, escolaridade. D&G Rio de Janeiro, Natal, Juiz de Fora, Rio Grande Discurso e gramática, sexo/gênero, faixa etária, escolaridade. ALIP Noroeste de São Paulo Amostra linguística, sexo/gênero, faixa etária, escolaridade, renda familiar. BDS Pampa Região de fronteira e campanha sul-rio-grandense Variação linguística, sexo/gênero, faixa etária, escolaridade. VarX Pelotas (RS) Variação por classe social, sexo/gênero, faixa etária, classe social.
Exportar para as Planilhas A pesquisa sociolinguística no Brasil funciona como um espelho da complexidade sociocultural brasileira. Apesar do processo histórico de homogeneização linguística, o país carece de homogeneidade linguística e possui uma rica diversidade de dialetos e sotaques. A multiplicidade de projetos e bancos de dados, cobrindo diferentes regiões e variáveis sociais, demonstra uma resposta ativa a essa heterogeneidade interna. A sociolinguística brasileira não se limita a replicar estudos internacionais, mas se engaja ativamente com as realidades linguísticas e sociais do país. A pesquisa sobre variação, contato linguístico e preconceito linguístico é crucial para entender a formação da identidade brasileira e as dinâmicas de poder que se manifestam através da língua em um país de dimensões continentais e grande diversidade cultural.
Problemas e Desafios da Sociolinguística
A trajetória da sociolinguística, embora marcada por avanços significativos, também foi pontuada por debates teóricos e desafios metodológicos que impulsionaram sua evolução.
Debates Metodológicos (Quantitativo vs. Qualitativo)
Um dos principais debates na sociolinguística tem sido a tensão entre abordagens quantitativas e qualitativas, especialmente no que tange à aplicação de modelos formais à complexidade da linguagem em uso. As teorias formalistas do início do século XX, como o Estruturalismo e o Gerativismo, postulavam um "axioma da categoricidade", idealizando a língua como um objeto homogêneo e imutável, excluindo a variabilidade presente na fala real. A sociolinguística, especialmente a vertente laboviana, representou uma ruptura significativa com essa visão, introduzindo o conceito de variável linguística para demonstrar que a heterogeneidade da língua é sistemática e ordenada.
Labov (1969) introduziu o conceito de "regra variável" para incorporar restrições linguísticas e sociais às regras opcionais da linguística gerativa, buscando reduzir a informação qualitativa do comportamento linguístico a dados quantitativos ordenados. No entanto, a extensão das regras variáveis para fenômenos sintáticos na década de 1970 gerou uma crise metodológica. Pesquisadoras como Lavandera (1978) questionaram a real equivalência semântica entre variantes sintáticas, propondo a "comparabilidade funcional" em vez da equivalência semântica estrita. Garcia (1985) criticou a concepção de variação sintática como "diferentes maneiras de dizer a mesma coisa", argumentando que isso ignorava o valor comunicativo das alternativas e a agência do falante. A incompatibilidade entre os modelos gerativista (competência) e variacionista (performance) também foi apontada por Kay & McDaniel (1979). Embora a regra variável formal tenha tido vida curta, a sociolinguística não abandonou completamente o formalismo, e Labov continuou a priorizar motivações formais.
A tensão inerente entre a busca por sistematicidade e a fluidez da linguagem é um desafio constante. A sociolinguística nasceu para provar que a variação linguística é sistemática e ordenada, não caótica. No entanto, a aplicação de modelos quantitativos como a "regra variável" a fenômenos sintáticos gerou críticas sobre a equivalência semântica e a agência do falante. Isso revela uma dificuldade fundamental em conciliar a necessidade de rigor analítico com a natureza dinâmica e multifacetada da linguagem em uso. Essa tensão impulsiona a sociolinguística a uma constante autocrítica e refinamento de suas teorias e metodologias, levando a abordagens mais complexas e integradas, como o "terceiro ciclo" de Eckert.
O Paradoxo do Observador
Um desafio metodológico persistente na sociolinguística, particularmente na coleta de dados de fala, é o "paradoxo do observador". Este fenômeno ocorre quando a presença do pesquisador influencia a naturalidade da fala do informante, tornando difícil obter dados vernaculares genuínos. Labov propôs estratégias para minimizar esse paradoxo, como evitar mencionar a universidade ou o fenômeno específico em estudo aos informantes e incentivar narrativas de experiência pessoal para estimular a fala espontânea.
Outros Desafios
Outros problemas incluem a dificuldade de delimitar um objeto de estudo específico para a linguagem, uma questão que já era admitida por Saussure. Além disso, a pesquisa com textos escritos pode enfrentar desafios como a ausência de informações sobre os perfis sociais dos remetentes, a inviabilidade de controlar variáveis por informante e os diferentes graus de formalidade das cartas. A própria definição e abrangência da disciplina têm sido objeto de debate desde seu início.
Os desafios metodológicos são, na verdade, um reflexo da complexidade do objeto de estudo. O "paradoxo do observador" e as dificuldades na análise de textos escritos são exemplos concretos dos obstáculos práticos na coleta de dados autênticos. A crítica à "regra variável" aponta para os desafios teóricos de modelar a influência social na estrutura linguística sem simplificar demais a realidade. Esses desafios não são falhas da disciplina, mas sim indicadores de sua seriedade em lidar com um objeto de estudo complexo. Eles sublinham a necessidade contínua de inovação metodológica e de um diálogo constante entre a teoria e a prática empírica, garantindo que a sociolinguística permaneça relevante e rigorosa em suas investigações.
Perspectivas e linhas atuais de atuação
A sociolinguística continua a evoluir, expandindo suas fronteiras e abordando questões contemporâneas, o que demonstra sua vitalidade e relevância.
Sociolinguística Crítica e Justiça Social
Uma das tendências mais marcantes é o engajamento da sociolinguística com a busca pela justiça social. A disciplina reconhece que a linguagem desempenha um papel fundamental na estruturação e reprodução das desigualdades sociais, exigindo uma investigação crítica e engajada dessas questões. William Labov, em seu trabalho seminal "Justice as linguistic matter" (1992), argumenta que a variação linguística reflete e perpetua as desigualdades sociais, destacando a importância do estudo sociolinguístico na promoção da igualdade linguística e da justiça social. Ele enfatiza o papel central das atitudes linguísticas na perpetuação dessas desigualdades, pois a estigmatização de variedades não-padrão pode levar à exclusão social e limitar oportunidades de educação e emprego.
A sociolinguística dedica-se ao estudo das políticas linguísticas e às questões de poder relacionadas à linguagem. A distribuição desigual do poder linguístico reflete estruturas sociais e pode resultar em discriminação e opressão. A análise das políticas linguísticas busca criar espaços para o reconhecimento e a valorização das línguas minoritárias, promovendo a igualdade de direitos linguísticos. Acadêmicos como Pierre Bourdieu, com sua visão da linguagem como campo de luta simbólica, e Nancy Fraser, que defende a justiça linguística como componente essencial da justiça social, também contribuem para essa vertente crítica.
A sociolinguística, como disciplina engajada e transformadora, evoluiu de uma ciência puramente descritiva para uma com um forte imperativo ético e social. O foco explícito na "justiça social", o papel de Labov em "Justice as linguistic matter", e a discussão sobre o combate ao "preconceito linguístico" indicam que a disciplina não apenas observa, mas busca intervir ativamente nas desigualdades. Isso a posiciona como uma área de pesquisa com relevância direta para a sociedade, capaz de informar políticas públicas e práticas educacionais para promover a inclusão e o respeito à diversidade linguística, contribuindo para a desconstrução de estereótipos e preconceitos.
Sociolinguística e Identidade (Gênero, Etnia, Migração)
A relação entre linguagem e construção de identidades sociais ocupa um lugar de destaque nos estudos sociolinguísticos contemporâneos. A sociolinguística investiga como a linguagem é utilizada para marcar e negociar identidades sociais, como gênero, etnia, classe social e grupo social. O estudo da variação, centrado nas "comunidades de prática" (Eckert, 2000), revela como as variantes linguísticas assumem significado social e como os estilos individuais marcam identidades sociais. O gênero, por exemplo, é visto não apenas como categoria biológica, mas como construção social, cultural e histórica, manifestada através das práticas linguísticas.
A sociolinguística também aborda a língua de acolhimento ao imigrante e a assimilação sociolinguística, investigando como as etnias são acolhidas pelo português e a relação entre identidade e aquisição de língua em contextos de migração.
Sociolinguística Digital e Novas Abordagens
A era digital abriu novas fronteiras para a pesquisa sociolinguística. Estudos analisam a variação linguística presente em redes sociais como Facebook e Orkut, investigando a linguagem utilizada em chats e mensagens, e as inferências da escrita no ambiente virtual e sua repercussão no real. Isso inclui a identificação de novos tipos de gêneros textuais e a análise de como as interações digitais moldam o uso da língua.
O cenário sociolinguístico brasileiro atual acena com entusiasmo para os estudos de "terceira onda" (Eckert, 2005, 2012), que veem a variação não como um reflexo da posição social, mas como um recurso para a construção de significado social e identidade. Esses estudos buscam conectar categorias sociais abstratas a "comunidades imaginadas" através do conceito de "comunidade de prática", explorando a agência dos falantes na moldagem da língua.
Aplicações na Educação e Políticas Linguísticas
A sociolinguística tem um papel crucial na educação e na formulação de políticas linguísticas. A Sociolinguística Educacional discute o uso das variedades linguísticas em sala de aula, promovendo uma reflexão crítica sobre a aplicação da sociolinguística ao ensino. O objetivo é compreender como os professores de Língua Portuguesa utilizam a sociolinguística para discutir a diversidade linguística e combater o preconceito linguístico, valorizando todas as formas de falar. No ensino de português como segunda língua (L2), a sociolinguística interacional, por exemplo, é relevante para analisar a língua em uso dentro da sociedade e considerar a cultura do aprendiz.
A disciplina contribui para a formulação de políticas que visam ao reconhecimento e à valorização de línguas minoritárias, promovendo a igualdade de direitos linguísticos e combatendo a discriminação. A adaptabilidade da sociolinguística a novos contextos e tecnologias garante sua contínua relevância em um mundo em constante mudança. Ao expandir suas áreas de atuação para incluir fenômenos digitais e questões identitárias complexas, a disciplina reafirma seu papel central na compreensão da linguagem como um espelho e um motor das transformações sociais.
Conclusão
A história da sociolinguística é a narrativa de uma disciplina que emergiu como uma resposta fundamental às limitações dos paradigmas linguísticos formalistas, que negligenciavam a dimensão social da linguagem. Desde seus antecedentes intelectuais na sociologia e antropologia, passando pela formalização de seus métodos e conceitos por figuras como William Labov, Dell Hymes, Joshua Fishman e Basil Bernstein, a sociolinguística consolidou-se como um campo de estudo essencial para compreender a língua em sua complexa interação com a sociedade.
No Brasil, a disciplina floresceu a partir da década de 1970, adaptando as abordagens variacionistas e etnográficas às particularidades do português brasileiro e à rica diversidade sociocultural do país, com a criação de importantes projetos e bancos de dados. Embora tenha enfrentado e continue a enfrentar desafios metodológicos e debates teóricos, essa autocrítica constante impulsiona seu refinamento e a busca por abordagens cada vez mais integradas.
As perspectivas atuais da sociolinguística apontam para um campo dinâmico e engajado. A sociolinguística crítica, com seu compromisso com a justiça social, atua na desconstrução do preconceito linguístico e na promoção da igualdade de direitos. A investigação da linguagem na construção da identidade e em contextos de migração, bem como a exploração da sociolinguística digital, demonstram a capacidade da disciplina de se adaptar a novas realidades sociais e tecnológicas. Suas aplicações na educação e nas políticas linguísticas reforçam seu papel transformador, capacitando professores e formuladores de políticas a valorizar a diversidade e a combater a discriminação.
Em suma, a sociolinguística não é apenas o estudo da língua e da sociedade, mas a compreensão de como a linguagem é um ato social, um campo de poder e um espelho da cultura e da identidade humanas, contribuindo ativamente para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
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