Ana Maria Gonçalves, consagrada autora do romance "Um defeito de cor", destacou-se como a primeira postulante ao cargo, protocolando sua carta de candidatura ainda no final daquela tarde. Caso obtenha sucesso na eleição para suceder Bechara, Gonçalves romperá uma barreira histórica, tornando-se a primeira mulher negra a integrar o quadro de imortais da instituição.
A obra que alicerça sua reputação literária, "Um defeito de cor", constitui um monumento narrativo fundamentado em rigorosa pesquisa documental. O livro traça a jornada épica de Kehinde, personagem feminina negra que, com apenas oito anos de idade, teve sua infância interrompida por um sequestro no Reino do Daomé (atual Benin). Arrancada de sua terra natal, ela foi submetida à escravidão na Ilha de Itaparica, Bahia. Mais do que uma narrativa individual, a obra tece um painel vívido da experiência africana na diáspora e dos alicerces da sociedade brasileira.
A ressonância cultural deste romance transcendeu as fronteiras da literatura. Em 2022, ele deu origem à exposição homônima no Museu de Arte do Rio (MAR). Já no Carnaval de 2024, sua narrativa poderosa serviu de base para o enredo apresentado pela escola de samba Portela.