Vaidade FLOBERLA ESPANCA (1919) Florbela Espanca (1894–1930), poetisa portuguesa nascida em Vila Viçosa, publicou o soneto Vaidade em 1919, no Livro de Mágoas, editado em Lisboa. Sua obra, marcada pelo lirismo intenso e confessional, reflete temas como amor, dor, solidão e morte. Em Vaidade, a autora expressa a efemeridade da vida e a ilusão das ambições humanas, transformando a angústia da finitude em poesia de tom existencial e melancólico. Sonho que sou a Poetisa eleita, Aquela que diz tudo e tudo sabe, Que tem a inspiração pura e perfeita, Que reúne num verso a imensidade! Sonho que um verso meu tem claridade Para encher todo o mundo! E que deleita Mesmo aqueles que morrem de saudade! Mesmo os de alma profunda e insatisfeita! Sonho que sou Alguém cá neste mundo... Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de quem a terra anda curvada! E quando mais no céu eu vou sonhando, E quando mais no alto ando voando, Acordo do meu sonho... E não sou nada! ...